Robôs com inteligência artificial avançada são capazes de vencer um campeão de xadrez, mas têm dificuldade para executar tarefas tão simples quanto preparar uma tigela de cereal com
leite.
Cientistas começaram a resolver isso dando um passo atrás: implantaram nos robôs inteligência humana, "natural", capturada via web, com ajuda de internautas.
A abordagem se baseia no uso de autômatos que aprendem por demonstração: uma pessoa guia a máquina em uma determinada tarefa, e depois ela repete o que o usuário fez. A ideia
surgiu há três décadas, mas problemas práticos impediam o progresso.
"A coisa mais difícil para os robôs é entender o que os humanos querem deles", explica Chad Jenkins, da Universidade Brown, de Rhode Island (EUA), um dos cientistas que têm aprimorado
o aprendizado robótico.
É por causa da dificuldade de comunicação, em parte, que robôs versáteis como Rosie, a babá do desenho "Os Jetsons", só existem na ficção. O treino por demonstração só funciona se o
robô cumpre a tarefa sob as exatas condições de aprendizado.
Se colocamos uma jarra de leite, uma caixa de cereal e uma tigela numa mesa, podemos ensinar um robô a despejar cereal e leite na tigela. Ao mudarmos os objetos de posição, porém, o
autômato fica incapaz de repetir a tarefa sem emporcalhar a mesa.
Cientistas como Wolfgang Ertel, da Universidade de Ciências Aplicadas de Ravensburg em Weingarten, na Alemanha, têm conseguido superar esse problema projetando novos tipos de
algoritmo, a "mente" matemática dos autômatos. Kate, a robô criada pelo grupo, é capaz de localizar uma xícara em uma mesa, posicioná-la numa cafeteira e ligar a máquina.
Repetindo a demonstração e mudando a posição do objeto algumas vezes, a robô "entende" o desejo do pesquisador. Ertel recebeu agora uma verba de € 2 mihões para continuar o projeto
e tentar fazer Kate realizar tarefas mais complexas.
Alguns movimentos, porém, são tão difíceis para um robô que exigem centenas de repetições da demonstração. Nos EUA, Jenkins resolveu esse problema com o crowdsourcing, a prática
que divide atribuições trabalhosas em uma multidão de pequenas tarefas via internet.
Bastou conectar o robô à web e deixá-lo à disposição de quem estivesse disposto a contribuir com o aprendizado do autômato. Deu certo: o cientista já conseguiu ensinar um pequeno robô
a navegar em um labirinto.
O que palavras aparentemente desconexas como Disney, cachorro e amendoim têm em comum?
Para a maioria das pessoas, elas não revelam muito, mas, se digitadas no Google, apontam que a interessada nos temas é possivelmente uma mulher, mãe de filhos pequenos e que sofre
de alergias específicas.
Pode ser ainda que, a partir da identificação de seu perfil, a internauta veja mais propagandas de produtos infantis, indicações imobiliárias e, dali a alguns anos, até sugestões de escolas
para adolescentes.
Não se trata de pura adivinhação, mas da era em que informações aparentemente simples viram material precioso para previsões de comportamentos.
É o que relata Siva Vaidhyanathan, professor da Universidade da Virgínia em "A Googlelização de Tudo".
Mestre em criar conexões invisíveis baseadas nos interesses dos usuários pesquisados na ferramenta de busca, o Google é, na visão do professor, a principal ameaça à privacidade de
dados pessoais nos dias de hoje.
Isso porque não esclarece que tudo o que se coloca na rede pode ser monitorado por seus sistemas de identificação de navegação (os chamados cookies) nem informa com precisão como
os usuários podem configurar seus critérios de busca para proteger suas informações.
A lógica perversa do Google, na avaliação de Vaidhyanathan, está ainda em transmitir ao mundo que o acesso a seus serviços é gratuito, enquanto o verdadeiro custo está na troca por
detalhes da personalidade de cada um.
São essas informações que renderão lucro à empresa, com a venda de anúncios direcionados a perfis específicos de usuários.
Dividida em seis capítulos, a primeira parte da narrativa se concentra em mostrar o triunfo da aceitação da "googlelização" -presença cada vez mais frequente do buscador em diversas
áreas do conhecimento.
Indica ainda a criação de uma geração superficial, que aceita ver o mundo por meio dos resultados de buscas no Google em detrimento de conhecimentos profundos.
Desliza, no entanto, ao considerar o buscador como o principal vilão da internet, reduzindo a importância de outras ferramentas concorrentes e das redes sociais, que hoje podem ser a
maneira mais avançada para acumular informações sobre os internautas.
Na segunda parte do livro, o autor apresenta elementos políticos, filosóficos e até psicológicos pelos quais tenta provar necessária a reação dos internautas às forças dominantes na rede.
O livro é para quem quer conhecer os bastidores dessa potência da internet mundial, mas não traz provas concretas -além do relato do autor- sobre se o Google é bom, mau ou se é apenas
esperto ao aproveitar o espírito de "compartilhamento" dos internautas na rede.
É o início da análise sobre a dinâmica do controle da informação virtual, mas está longe de ser uma resposta definitiva para a questão.
A GOOGLELIZAÇÃO DE TUDO
Autor Siva Vaidhyanathan
Editora Cultrix
Quanto R$ 35,91 (272 págs.)
Tradução Jeferson Luiz Camargo
Avaliação Regular
Nem quero pensar no tempo que perdi não participando das redes sociais. Um tempo que, para ficar no jargão em que resolvi me embrenhar de vez, me parece real, irremediavelmente real.
Eu era infeliz e não sabia.
Mas, mesmo neste apagar das luzes, neste ribombante crepúsculo de vida pelo qual fui cooptado, deixo-me levar pelo ditado comum --que nada mais é que uma verdade fantasiada de
odalisca rica - de que "antes tarde do que nunca".
Vou, agora, sem maiores delongas, direto ao ponto: desde o dia 1º de dezembro, pouco mais que uma semana portanto, entrei para as fileiras do Facebook e do Twitter.
Eu, aquele que durante anos fez troça das redes sociais e daqueles que delas participavam, aderi, não por pressão, mas - e a verdade, como o azeite, deve sempre flutuar por cima da água
rasa da mendacidade - por solidão e vontade de, irei beirar o piegas, fazer amigos, inda que virtuais.
E, no que digito "amigos virtuais", minha mente que tem mais cãs e cães que meus ralos cabelos, mentalizo-os todos como se "virtuais" fosse sinônimo de "virtuosos". Quero crer que
sejam. Pelo menos essa a impressão que captei nas primeiras linhas trocadas.
Roberto Carlos, com aquele veneno todo, queria ter, segunda a canção que celebrizou, "um milhão de amigos". Pois deve ter e bem que os merece pela sua contribuição ao nosso
cancioneiro.
Não sonho tão alto assim. Sei-me também não ser Lady Gaga, com mais de 18 milhões de seguidores noTwitter, ou seu rival mais próximo, o talentoso jovem Justin Bieber, com perto de
13 milhões de seguidores. NoTwitter, onde me registrei com um mínimo de formalidades no início deste mês, já tenho 14 seguidores.
Sejamos francos, ter alguns milhões de seguidores pode nos custar caro. Ou a sanidade, se - e é tão fácil - julgarmo-nos, como Tarcísio Meira naquela telenovela que marcou época, um
semideus, ou o objeto de uma conspiração paranoica onde, no mínimo, alguns milhares de obsessos aguardam o momento de... de... Deus meu, nem quero pensar.
Fico no lado bom da história. Em 140 caracteres ou menos trocamos eu e meus (meus tanto quanto deles sou) seguidores impressões sobre temas da atualidade.
Como da falência de valores na civilização capitalista ocidental ou o vexame que é o mais recente filme de Keanu Reeves.
Não é bem tomar umas e outras com os companheiros queridos no bar favorito de antanho, mas este é o século 21 onde vivemos, meus caros, e suas premissas e promessas são bem mais
diferentes daquelas que o tempo, esse usurpador, levou consigo para todo o sempre.
Ocorre-me de vez em quando citar um velho ditado aprendido no colo de uma tia ou avó e sempre que o faço (bem sei, não tem uma quinzena ainda) recebo de volta outros dizeres
contendo ensinamentos que, quando não são profundos, muito me divertem.
Esclareço que tuíto de forma bilíngue, não por pretensão mas por conveniência ou, se preferirem, ânsia de fazer o mais cedo possível o maior número de seguidores ou amigos
informatizados. O tempo não espera por ninguém.
Tenho tuitado (o Aurélio já reconhece o verbo juntamente com blogar) todos os dias e espero, neste fim de semana, quem sabe, chegar à casa dos 20. Por falta de esforço não será. Passei
a ficar 5 horas por dia no computador.
Quanto aoFacebook, mesmo neófito que sou, enchi a ficha de entrada num abrir e fechar os olhos, preenchendo quesito por quesito, tirei apenas 4 aninhos de minha verdadeira idade, dei
meu sexo (por uma vez na vida na forma da lei) e, como num passe de mágica, ou algoritmo cibernético, lá estava na presença intimadora, ou antes perdido numa densa floresta humana
de mais de, dizem, 800 milhões de almas, em tudo e por tudo semelhantes à minha.
Não estamos sós, diz o vulgo, em sua sabedoria. Foi só esperar o Mark Zuckerberg nos ensinar os ensinamentos protocolares da amizade.
No enumerar de meus gostos, não deixei de ocultar minha admiração por astros e estrelas do cinema citando George Clooney, Scarlett Johanssen e Woody Allen.
Mencionei também, porque assim pediam, o refrigerante de minha predileção. No setor literário, não tive dúvidas, deixei os preconceitos para lá e abri o jogo: O Pequeno Príncipe, de Saint
-Exupéry, A Cidadela, de A.J.Cronin e O Profeta, de nosso grande Paulo Coelho (quase cometi a gafe de citar um romance qualquer de Charles Dickens).
Resultado: já estou na casa dos 8 amigos. Mas sinto uma fileira a se formar: vem mais gente aí. Papai Noel não me esquecerá.
Agora é botar minha zabumba no eBay para leiloar.
O Google deve emergir como "uma das principais companhias de comunicação móvel", de acordo com analistas de Wall Street, e diversos deles elevaram em até 10% suas estimativas
sobre o valor das ações da companhia.
As ações do Google subiam quase 6% na manhã desta na sexta-feira (14), depois que a companhia divulgou, no dia anterior, crescimento de 26% em sua receita no terceiro trimestre, com
a ajuda do mercado crescente para a publicidade online e de esforços de pesquisa com foco mais definido.
O crescimento acelerado da receita das operações internacionais do Google, particularmente nos mercados emergentes, e de suas operações móveis contribuíram para a os bons resultados,
de acordo com os analistas.
Os resultados do Google no terceiro trimestre indicam tendência positiva para o setor, disseram analistas do BofA Merrill Lynch.
Analistas do BofA Merrill mantiveram sua avaliação positiva sobre o eBay e Amazon.com, e continuam a recomendar compra de ações do Google.
De acordo com dados da Thomson Reuters StarMine, 13 analistas recomendam fortemente a compra de ações do Google, outros 20 recomendam compra e quatro recomendam retenção das
posições atuais em ações da empresa.
As ações do Google cotadas em Frankfurt estavam sendo negociadas com alta de oito% na sexta-feira.
"Continuamos compradores de ações do Google, porque os fortes resultados do terceiro trimestre, entre os quais uma aceleração no crescimento da receita, refletem a manutenção do
ímpeto da empresa no mercado de mobilidade e de avanços na publicidade on-line", escreveram analistas do Deutsche Bank em nota a clientes.
O governo americano pediu à empresa Cray Inc. que crie o computador mais rápido do mundo, batizado de Titan, que será usado nas pesquisas sobre as energias do futuro, informou a
empresa.
Em um comunicado divulgado nesta terça-feira (11), a Cray Inc. anunciou ter assinado um acordo com o governo para melhorar a performance do atual supercomputador do Departamento de
Energia, o Jaguar, que passará a se chamar Titan.
O supercomputador, que fica localizado no Laboratório Nacional de Oak Ridge, Tennessee, do DOE, será equipado com os chips mais recentes das fabricantes californianas AMD e Nvidia.
A performance do Titan será de 2,3 quatrilhões de cálculos matemáticos por segundo, ou 2,3 petaflops. O petaflop é uma medida da velocidade de processamento de um computador que
equivale a um quatrilhão de operações por segundo.
A capacidade máxima do supercomputador será de 10 a 20 petaflops, e ele deve começar a funcionar em 2013. Com essa velocidade, será "mais de duas vezes mais rápido e três vezes
mais eficiente em termos de energia do que o computador mais rápido atualmente, localizado no Japão", afirmou a Nvidia.
"Todas as disciplinas científicas poderão se beneficiar desse aumento significativo da potência de cálculo, abrindo caminho para novas descobertas", assinalou o diretor de informática do
laboratório, Jeff Nichols, citado no comunicado.
"O Titan será usado em uma variedade de importantes projetos de pesquisa, incluindo o desenvolvimento de biocombustíveis comercialmente viáveis, motores mais limpos, energia nuclear
mais segura e energia solar mais eficiente", acrescentou o funcionário.
Segundo o laboratório, a potente máquina será destinada aos biocombustíveis, à biomassa, à forma de consumir mais combustíveis poluindo menos, ao desenvolvimento de novos materiais
para células fotovoltaicas e a prolongar a vida útil das centrais nucleares.